RELATÓRIO - Reunião 01/03/2018 - Textos do “Jovem Gramsci” - Tema: Revolução Soviética.
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RELATÓRIO - Reunião 01/03/2018
“Jovem Gramsci” - Tema: Revolução Soviética
Presentes: Alexandre, Angélica, Arcanjo, Barison, Daniel, Deise, Flávio, Giovana, Gustavo, Júlia, Leila, Marcus, Pedro, Regiane, Rodrigo e Thamíris.
Pauta original:
Textos do “Jovem Gramsci”, tema: a Revolução Soviética.
Desenvolvimento da reunião:
Inicialmente, destaca-se que Gramsci nasceu na Sardenha e posteriormente estudou na universidade de Turim, tendo trabalhado como jornalista em jornais socialistas (Grido del Popolo e Avanti!). Os textos em análise foram publicados nos mencionados jornais e perpassaram os anos de 1917 a 1919, em meio aos quais ocorreu a revolução de fevereiro, a revolução de outubro, o transcurso e fim da primeira guerra mundial.
TEXTO 1 – GRAMSCI, A. Notas sobre a Revolução Russa. In: Escritos Políticos V.1¸ Lisboa: Seara Nova, p.137-141.
1. Trata-se de texto escrito no início de 1917, pouco depois da revolução de fevereiro, momento em que, segundo o próprio autor, as informações sobre o que ocorria na Rússia eram escassas e muito limitadas aos jornais burgueses.
2. Neste escrito, Gramsci discute a natureza proletária da revolução russa, a aproximação feita pelos jornais burgueses entre a revolução russa e a francesa, evidenciando os elementos que as diferenciam, enuncia, ainda, elementos sobre a questão do cárcere com o advento da revolução.
3. De início, o autor questiona se o fato da revolução russa ter sido realizada por proletários a faz ser uma revolução proletária. Segundo Gramsci, não. Para que seja proletária devem intervir fatores de ordem espiritual, o fato revolucionário deve ser um fato moral, não apenas um fenômeno de poder e costumes (1º e 2º parágrafos).
4. Discute-se no texto sobre o paralelismo entre a revolução russa e a francesa, feito pelos jornais burgueses. Tais jornais revelaram que houve a substituição da autocracia por outro poder, no entanto, alegam que ainda era incerto qual seria este outro poder, mas que esperavam ser o burguês, por isso era feita tal aproximação (2º parágrafo).
5. Porém, para o autor não existe essa aproximação entre as revoluções, pois, a revolução russa não conheceu o jacobinosmo. Segundo Gramsci, o jacobinosmo caracterizou a revolução francesa, que foi burguesa e serviu a interesses particulares da classe burguesa, impostos por meio de violência para instituir um regime autoritário em substituição a outro regime autoritário – antes autoritarismo da autocracia, depois autoritarismo da burguesia (p. 138, 4º parágrafo).
6. Segundo Gramsci, na revolução russa não houve a substituição de uma ditadura de um só por uma ditadura de determinada minoria, como para ele ocorreu na revolução francesa. Na Rússia se perseguiu um ideal que não pode ser de um só (p. 138, 5º parágrafo).
7. Sobre a questão do cárcere, o autor ressalta que a revolução russa abriu as portas dos presídios com condenados por crimes políticos e também delitos comuns, pois a revolução socialista criou uma atmosfera de liberdade e um novo costume. Cita exemplo de presos que, diante da possibilidade de liberdade, não se consideraram merecedores da liberdade e permaneceram no cárcere (p. 139, 6º parágrafo).
Discussão:
Observação 1. Importante ressaltar que o autor possuía fragmentos de informações, de modo que para a leitura do texto deve-se considerar que havia dificuldade de acessar textos marxistas.
Observação 2. Interessante refletir sobre a preocupação com a comunicação social que Gramsci tinha e desenvolvia por meio do jornal socialista, inclusive, como meio característico de se comunicar com a base, deslocando-se da imprensa burguesa.
Observação 3. A particularidade russa se destaca para Gramsci, que se contagia pela ideia determinista de que a Rússia influenciaria todo o resto do mundo. A origem rural de Gramsci e da Itália é um componente importante para compreender a sua percepção sobre as condições materiais da revolução russa.
Observação 4. Sobre o sentido de “fatores espirituais” é possível realizar diversas interpretações. Pode estar relacionado ao aspecto da consciência do proletariado, sobre uma nova moral e costumes; ao sentido da direção operária para a luta revolucionária; representando os interesses da classe proletária para seguir o caminho do comunismo; às tarefas revolucionárias do proletariado; a não realização de uma leitura determinista, economicista de Marx (predominância da consciência sobre as formas econômicas).
Observação 5. Ainda sobre os “fatores espirituais”, cumpre salientar que Gramsci era um teórico político, sendo importante levar em conta que ele estava vivendo o clamor da revolução. Assim, uma interpretação possível seria que o autor se utilizava de termos compreensíveis à classe trabalhadora com uma finalidade tática, para incentivar ao comunismo. Talvez seja uma estratégia política usar tais termos (tal como “fatores espirituais”) para chamar as massas à revolução, ou seja, pode estar relacionado com a com a práxis.
Observação 6. A continuidade das leituras dos textos de Gramsci pode fornecer mais elementos para a compreensão desses “fatores espirituais” em debate.
Observação 7. Interessante notar a tensão sobre o conceito de consciência de classe quando está sendo realizada no curso do processo histórico. É possível retomar Pachukanis no que pertine à ideia subjetivista ou não da ideologia, uma tensão que está em Gramsci também.
Observação 8. Indicação do filme “Czar a Lênin”. No momento em que o texto está sendo escrito, quem assume na Rússia é Kerensky, que tinha a intenção de concretizar a experiência francesa, ou seja, limitar o poder à burguesia.
Observação 9. Neste momento da vida de Gramsci, o jacobinismo era tido para ele como algo negativo, considerando que caracterizou a revolução francesa, que foi uma revolução burguesa. Posteriormente, em outro texto, o autor retomará a questão do jacobinismo sob uma ótica não negativista.
Nos Cadernos do Cárcere, Gramsci discorre sobre o jacobinismo, caracterizando os jacobinos como um grupo de homens enérgicos e resolutos que empurraram para frente os burgueses. Mantém uma concepção de que os jacobinos "forçaram a mão", mas pondera que isso aconteceu no sentido do "desenvolvimento histórico real" para a criação e consolidação do Estado burguês, que representava as “aspirações imediatas das pessoas físicas reais que constituíram a burguesia francesa” (C. 19, §24, p. 63-87)[1].
Observação 10. Houve a interpretação de que no texto Gramsci demonstrou ter uma concepção genérica de que o socialismo adviria sem confrontos violentos ao afastar o jacobinismo. No entanto, em contraponto, é possível interpretar que o afastamento do jacobinismo feito pelo autor não se refere a tal concepção acerca da violência, mas a uma crítica à violência quando utilizada para alcançar os interesses burgueses.
Observação 11. São duas radicalidades diferentes: a dos jacobinos e a dos russos.
Observação 12. É possível retomar Pachukanis, no capítulo “Direito e Delito”. No encarceramento burguês há uma equivalência específica, sob uma moral arraigada, de modo que os presos não conseguiram se desvencilhar.
Observação 13. Gramsci considerou como fenômeno grandioso o fato dos condenados por delitos comuns terem se mantido presos, ressaltando como o fenômeno mais grandioso que já aconteceu. Diante disso, mostra-se que o autor foi kantiano nesse ponto. Porém, interpretações outras podem ser feitas sobre essa importância dada por Gramsci ao acontecimento: poderia ter sido um apelo às massas; estar relacionado ao fato de que a construção de uma nova sociabilidade é um fenômeno fantástico; pode ser visto como uma celebração à auto-organização dos presos e não à questão ética envolvida.
Observação 14. Uma questão que se coloca é que à época não existia uma forte concepção sobre criminologia crítica como atualmente, sendo que a moral era outra.
Observação 15. As colocações sobre o cárcere reforçam a afirmação anterior do autor sobre os “fatores espirituais” terem incidido na revolução russa, como um fator de nova consciência.
Observação 16. Os “fatores espirituais” estão presentes nesta análise: é o transpassar dos fatores espirituais para os presos. Passa pela construção da moral proletária para a tomada do poder.
TEXTO 2 – GRAMSCI, A. A Revolução contra O Capital. In: Escritos Políticos V.1¸ Lisboa: Seara Nova, p.161-165.
8. Este texto foi publicado em novembro de 1917, posteriormente à revolução de outubro.
9. Apesar de ambíguo o título desde texto, considerando que poderíamos pressupor que no contexto de uma revolução socialista o título estaria se referindo à revolução contra o Capital em si, Gramsci discute neste texto a relação dos revolucionários russos com o livro O Capital, de Karl Marx, e com o pensamento marxista. Trata também das condições materiais na Rússia que ensejaram a formação de uma vontade coletiva popular e, ainda, da importância da propaganda socialista para o povo russo.
10. O autor afirma que O Capital era um livro mais dos burgueses do que dos proletários, considerando que o livro representaria uma demonstração da necessidade de que se formasse na Rússia uma burguesia e que se desenvolvesse uma era capitalista para que se viabilizasse uma revolução, o que não ocorreu na Rússia, sendo que os fatos superaram as ideologias (p. 161, 2º parágrafo).
11. Para Gramsci, os bolcheviques renegaram alguns aspectos d’O Capital, mas não renegaram o pensamento imanente e vivificador. Afirma que os bolcheviques não eram marxistas, considerando que não compilaram uma doutrina exterior a partir da obra de Marx (p. 162, 3º parágrafo).
12. O texto discute também que a vontade coletiva popular para a revolução foi impulsionada pelos efeitos da guerra, “três anos de sofrimentos indizíveis, de misérias indizíveis” (p. 162, 4º parágrafo). Para o autor, os sofrimentos acumulados geraram um encontro de vontades uníssono (p. 163, 5º parágrafo).
13. Por fim, Gramsci discute a importância da propaganda socialista, criadora da vontade social para o povo russo, que começou sua história sendo conhecedor do nível máximo de produção a que chegou a Inglaterra e com a educação socialista crítica ao capitalismo, podendo, assim, desenvolver o socialismo sem as imperfeições e dispersões de riquezas do capitalismo (p. 164, 6º parágrafo).
Discussão:
Observação 17. A leitura feita por Gramsci sobre a obra de Marx correspondeu a uma visão por etapas sobre as condições materiais para o advento de uma revolução.
Observação 18. Discutiu-se que as colocações sobre O Capital partem de uma leitura etapista equivocada.
Houve ressalva de que hoje a ideia parece óbvia (a de não etapas), mas antes não havia um processo capitalista global, existiam outros fatores (o Czar, a Igreja, etc.). Quando O Capital dispõe que se pressupõe o capitalismo, está sendo dito por etapas. O que está equivocada é a linha da segunda internacional. Os textos que dão margem à revolução permanente apareceram depois, sendo importante evitar análise anacrônica do escrito.
Observação 19. Imperioso ter em vista a natureza, intencionalidade do texto e o fato de que não havia uma leitura aprofundada do livro O Capital. A crítica de Gramsci é nos sentido de dizer que nada advém do livro, as etapas na obra existem, mas não como etapismo/determinismo.
Observação 20. Pode-se interpretar que quando Gramsci se opunha ao livro O Capital era especificamente ao trecho final do Prefácio de 1867, onde há uma passagem sobre as nações mais desenvolvidas mostrarem o caminho para as menos desenvolvidas, e que dispõe também sobre "estágios naturais". Ainda, que o posicionamento de Gramsci era oposto ao economicismo na interpretação de Marx, que vigorava inclusive do Partido Socialista Italiano, e que nesse período ele atribuía ao próprio Marx (cf. “O leitor de Gramsci", de Carlos Nelson Coutinho).
Observação 21. É importante ressaltar que n’O Capital estão as determinações fundamentais do desenvolvimento do capitalismo, de modo que Marx precisou partir de exemplos concretos.
Observação 22. Marcos Del Roio, em comentários sobre Gramsci e a revolução russa, assevera que o autor pouco conhecia sobre Marx e a obra O Capital nesta época, que provavelmente tinha mais conhecimento sobre a leitura distorcida da obra de Marx, que tinha amplo predomínio na época, especialmente na Alemanha.
Observação 23. Sobre a questão dos fatos superarem as ideologias, depreende-se que, no contexto do livro O Capital discutido no texto, as ideologias representam a construção teórica da obra e os fatos a realidade concreta que ensejou a revolução russa.
Pode ser que o sentido da afirmação de Gramsci de que a “revolução dos bolchevistas determinou-se mais por ideologias do que por fatos” (p. 161, 2º parágrafo) esteja relacionado com o a ideologia sendo o “pensamento vivificador” advindo da obra de Marx, apesar de, segundo o autor, não ter sido seguido o conteúdo do livro.
Observação 24. Gramsci evidencia sua percepção de que as disposições da obra de Marx se referiam às situações em que se implementou e desenvolveu o capitalismo e em que o proletariado tivesse passado por diversas experiências de classe para que estivessem presentes as condições de uma ação revolucionária. Segundo o autor, as condições materiais na Rússia foram diferentes, relacionadas aos efeitos da guerra, razão pela qual teria sido uma revolução contra as disposições d’O Capital.
TEXTO 3 – GRAMSCI, A. A obra de Lenine. In: Escritos Políticos V.1¸ Lisboa: Seara Nova, p.271-279.
14. O presente texto foi publicado em setembro de 1918, no contexto do atentado cometido por Fanja Kaplan, solialista-revolucionária, sofrido por Lenin no mês de agosto do mesmo ano.
15. A discussão trazida pelo texto buscou ressaltar a qualidade de Lênin em estudar a realidade histórica e de conseguir enxergar as nuances da luta de classes.
16. Gramsci destaca que Lenin nunca perdeu de vista a luta de classes e pertenceu às fileiras dos defensores do internacionalismo. Para o autor, cada ação proletária deve ser coordenada ao internacionalismo, sendo que fazer o contrário disso seria estar contra os interesses do proletariado (p. 271, 5º parágrafo).
17. As condições econômicas e políticas da Rússia, o caráter da burguesia russa e a missão histórica do proletariado fizeram Lênin concluir que todas as lutas políticas teriam se transformado em luta social contra a burguesia, considerando sua incapacidade de conduzir a derrubada do czarismo, sobretudo após 1905 (Domingo Sangrento), ficando a burguesia com receio de qualquer ação com participação dos operários, de qualquer prática que poderia ser revolucionária (p. 273, 10º parágrafo).
18. Segundo o autor, Lenin tinha razão ao dizer que o proletariado se tornou o grande protagonista da história, porém, um protagonista ingênuo, sendo que houve momento em que a burguesia se aproveitou disso (menciona Kerenski como figura popular entre as massas no início da revolução). Contra essa situação adveio Lênin com o partido bolchevique, desmascarando a burguesia e traçando estratégias de ação (p. 274, 11º e 12º parágrafos).
19. Por derradeiro, o autor frisa que Lênin era um frio estudioso da realidade histórica e classifica Fanja Kaplan e o que ela representa como utopista incapaz de compreender a complexidade da sociedade, que enxerga o socialismo como paz imediata, paraíso de prazer e amor (p. 276, 20º parágrafo).
Discussão:
Observação 25. Importante ressaltar que Gramsci demonstra ser forte partidário do internacionalismo.
Observação 26. Gramsci menciona como primeira revolução a de 1905, mas antes havia dito a de fevereiro de 1917, acaba levando em consideração a motivação para revolução a questão guerra e não a toda a história de luta operária na Rússia.
Observação 27. Identifica-se que Gramsci atribui importância para a condução da luta operária pelo partido.
TEXTO 4 – GRAMSCI, A. Um soviete local. In: Escritos Políticos V.1¸ Lisboa: Seara Nova, p.305-307.
20. Este texto foi publicado em fevereiro de 1919, período próximo à idealização da Sociedade das Nações/Liga das Nações (abril/1919).
21. A questão levantada neste texto é sobre como se opera a consolidação dos ideais de liberdade e paz da Sociedade das Nações, que possui uma perspectiva externa e interna.
22. Nesse sentido, o autor discorre sobre a empresa Fiat, cujo fundador se chamava Giovanni Agnelli. Para Gramsci, a Fiat tornou-se uma colônia norte-americana, sendo um núcleo orgânico da Sociedade das Nações (p. 305, 1º parágrafo).
23. Para que as nações sejam livres é necessário que os indivíduos sejam disciplinados para a liberdade nacional. Assim, deve-se prevenir em relação aos trabalhadores da empresa qualquer manifestação contrária à idéia de liberdade nacional burguesa. Segundo o autor, a Fiat empregou diversos mecanismos no sentido de prevenção e controle dos operários, sendo que Gramsci, inclusive, compara a Fiat a um Estado soberano, com toda a sua estrutura de funcionamento – estratégias de governo, controle dos cidadãos (p. 306, 2º parágrafo).
24. A Sociedade das Nações objetiva a instauração da paz perpétua no interior e exterior. A luta de classes perturba as relações de produção, gera mal estar interno e necessidade de guerras externas, assevera o autor. Então, faz-se o controle político que impeça a organização operária (p. 306, 3º parágrafo).
25. Por essa razão cria-se no âmbito da Fiat um corpo de controle político dos operários que seja preventivo. É por isso que a Fiat tornou-se um núcleo originário e orgânico da Sociedade das Nações (p. 307, 4º parágrafo).
26. Gramsci afirma que a Fiat de Giovanni Agnelli foi o primeiro Soviete dos capitalistas na Itália, um pequeno Estado local (p. 307, 4º parágrafo).
27. A Sociedade das Nações, conforme destaca o autor, corresponde a uma explícita ditadura do capitalismo que pretende abolir a luta de classes com o terror branco para evitar o surgimento de Sovietes proletários para abolir as classes com terror vermelho (p. 307, 4º parágrafo).
Discussão:
Observação 28. É possível retomar Bernard Edelman neste texto. Gramsci ressalta a existência da lógica de Estado dentro da empresa e a estrutura de competências que nela se desenvolve. Ademais, a questão de que não se pode mais existir a polícia (“pombos”) na consolidação da forma de Estado como mediador do capital e da força de trabalho, também aproxima Edelman deste texto.
Observação 29. Verifica-se a concepção e construção de projetos nacionais com arquitetura da ética da paz nacional kantiana.
Observação 30. Interessante notar que elementos do texto se mostram de forma premonitória, no sentido de que posteriormente a ONU se constituiu para distribuir capitalismo pelo mundo.
Observação 31. O momento em que este texto foi escrito coincidiu com aquele em que a própria noção de Itália estava em formação. A ideia de nação ainda era uma disputa. Gramsci critica a Fiat como a entidade que representa a união da nação. Estava em disputa a questão da unidade nacional.
Observação 32. Liberdade nacional como conceito burguês de trasnacionalizar. No contexto do capitalismo, a sociedade das nações é um projeto kantiano e evidencia como a forma jurídica vai se renovando segundo as determinações novas do capital. É na ideologia jurídica que se processa a primeira mudança, depois há uma conformação da teoria geral do valor.
Observação 33. Controle desde o menor dos núcleos, no caso do texto a partir da empresa Fiat. A Sociedade das Nações prega a paz e para a sua imposição é realizado o controle externo e interno. No texto, utiliza-se como exemplo de controle interno a Fiat e sua ação sobre os trabalhadores, visando cumprir um papel na busca pela concretização dos ideais de liberdade nacional e paz da Sociedade das Nações.
Observação 34. Soviete da burguesia como um lócus de atuação política que está em disputa. A Fiat foi um foco importante na luta de classes.
Textos complementares:
BIANCHI, Álvaro. MUSSI, Daniela Xavier Haj. Antonio Gramsci, a Cultura Socialista e a Revolução Russa. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, 102: 267-298,
2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-64452017000300267&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 20.02.2018.
GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere. V. 5. Ed. e Trad. Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
PONS, Silvio. Antonio Gramsci e a Revolução Russa: uma reconsideração (1917-1935). Trad. Edilene Toledo. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 37, nº 76, 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1806-93472017v37n76-05>. Acesso em: 10.02.2018.
[1] GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere. V. 5. Ed. e Trad. Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
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