RELATÓRIO - Reunião 12/04/2018 - Textos do “Gramsci Maduro” - Tema: questões filosóficas.
Relatório – Reunião 12/04/2018
Tema: questões filosóficas
TEXTO 1 – GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere – Vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 93-120.
1. Gramsci foi esteve preso de 1926 a 1937. Era Secretário Geral do partido Comunista da Itália e Deputado do Parlamento Italiano. Iniciou a elaboração dos cadernos em 1929, quando obteve autorização para dispor do material necessário para escrever. Gramsci elaborou 33 cadernos, sendo 4 cadernos de exercício de tradução e os demais são cadernos temáticos. Os textos sofrem impacto pela escassez de recursos, pois além de não ter acesso a livros, dispunha apenas de três cadernos por vez, escolhidos pela direção do presídio. O texto a ser debatido integra o Caderno 11, e trata da filosofia da práxis. (Introdução).
Observações: A censura impacta a formulação dos textos. Muitos conceitos foram codificados, para driblá-la, o que viabiliza interpretações distorcidas e impõe, para compreensão dos significados dos conceitos, sua contextualização.
2. O texto propõe um movimento para compreensão da filosofia da práxis que articula a “filosofia” em três momentos: primeiro, pauta a existência de uma filosofia espontânea, isto é, todos detém certa concepção de mundo (p. 93). Em seguida, refere-se ao movimento da crítica e consciência, opondo a acepção de uma concepção de mundo imposta, e uma concepção de mundo elaborada pela crítica (p. 04).
Observações: É possível identificar um recorte hegeliano na exposição do espontâneo e do senso comum, relacionada ao conceito de entendimento. A proximidade com a exposição de Hegel, na Fenomenologia do Espírito é um dado que merece destaque, cabendo observar que na introdução da Fenomenologia, Hegel menciona o conceito de senso comum.
3. A concepção de mundo determinaria o pertencimento do sujeito a determinado grupo social, que compartilha o mesmo modo de pensar e agir (P. 94).
4. A crítica à própria concepção de mundo, que importa na crítica de toda a filosofia existente, relaciona-se à percepção de si enquanto sujeito histórico (p. 94/95).
5. A linguagem pode expressar maior ou menor complexidade na concepção de mundo, ao passo que criar uma nova cultura importa especialmente em difundir criticamente verdades, transformando-as em base de ações vitais.
Observações: A questão da linguagem aparece em alguns momentos, prenunciando debates que serão intensificados no marxismo, na metade do século XX. Embora não desenvolva todos os aspectos do problema, os anuncia.
Gramsci não tem acesso aos livros de Hegel, o que torna ainda mais impressionante a proximidade com a introdução da Fenomenologia do Espírito. O traço distintivo reside na inserção do conceito de grupo social como fator determinante do entendimento. O autor está no contexto de superação do idealismo, do ponto de vista metodológico, mas parte de um senso comum compartilhado para, a partir da crítica, buscar a essência, contrapondo filosofia e senso comum.
Hegel, em certos momentos, menciona “entendimento”, ou “filosofia do entendimento”, identificando um conteúdo filosófico não desprezível no senso comum.
É possível observar que Hegel restringe a crítica ao espírito, enquanto Gramsci vincula as filosofias do entendimento às questões sociais, materiais, identificando um conteúdo filosófico no senso comum.A linguagem, em Gramsci, tem um tratamento mais recuado do que o que aparece em Marx. Quando Marx trata do tema da linguagem, o faz numa perspectiva de centralidade na materialidade da consciência, vinculando a questão à divisão social do trabalho.
Gramsci trata a linguagem na perspectiva de senso comum compartilhado, de maneira superficial. Se o grupo social não está expressamente ligado ao conceito de classe, a perspectiva de divisão social do trabalho fica diluída.
No texto, “cultural” é um adjetivo recorrente. Seria possível, então, estabelecer uma vinculação entre cultura e classe? Quando se refere a grupo social, Gramsci refere-se à classe?
É possível notar que, quando trata da religião e do catolicismo, Gramsci refere-se a diversos grupos, que transcendem a noção de classe.
Seria possível, então, atribuir o emprego do termo “grupo social” como um mecanismo para driblar a censura a que os textos eram submetidos?
O fato resulta em um prejuízo à elaboração, com relação a Marx, justamente na nebulosidade da perspectiva de classe, com o emprego do termo “grupo social”.
A classe é um grupo social, a que são atribuídas distintas divisões. Há uma determinação histórica de classe. Se se faz a leitura de grupo social sem o contexto da época, há um prejuízo de entendimento. Para o marxismo, classeé uma categoria científica determinante, estruturante.
A descontextualização dos textos viabiliza uma leitura culturalista, reformista. Contextualizando os textos é possível relacionar o termo “grupo social” e “classe”.
Sobre a relação entre Gramsci e Althusser. Gramsci é um autor complexo em vários aspectos. Na análise de classe, conjuntura, poder político e correlação de forças é possível aproximar os autores, no entanto, Althusser dedica um texto inteiro para atacar o fundamento do gramsciniano. Para Althusser, ao contrário de Gramsci, o marxismo não é um historicismo. Para Gramsci, todas as concepções decorrem da classe. Em Althusser filosofia é a luta de classes na teoria, idealismo e materialismo, mas existe a ciência que está acima das classes e é universal.
Seria possível compreender que Gramsci reduz o método à política, ou que favorece a política e a análise circunstancial da conjuntura, em prejuízo ao método em si?
Para o marxismo a conjuntura tem uma importância própria e tem que ser analisada constantemente, porque a realidade muda. Althusser e Gramsci coincidem disso. Essa é uma preocupação do marxismo do início do século XX, especialmente com Lenin, que busca aplicar o método à política em curso, ou uma construção política do método, o que se aplica a Gramsci.
Do ponto de vista epistemológico, a inversão do idealismo gera o empirismo. A realidade não é o critério da verdade. O critério da verdade é a teoria, porque a ciência viabiliza uma ruptura com o senso comum, favorecido pela classe.
Para Gramsci, há uma filosofia espontânea e cada grupo social tem a sua. A verdade é determinada pelo grupo social que não tem nada da temer e, para mudar a sua condição, tem que mudar toda a realidade. Esse entendimento é expressão do empirismo.
Para Althusser não se pode partir do concreto para o abstrato. O concreto se apresentaria como um caos incompreensível. O abstrato organiza o concreto. A diferença Gramsci e Althusser é nesse plano.
Na prática, os textos têm ideias em estados práticos. Conceitos que o autor pode não enunciar, mas estão em operação no texto. Gramsci trabalha com conceitos históricos, a partir dos quais começa a analisar. A população seria um caos sem a análise de classe, que pressupõe o conceito divisão social do trabalho, ou seja, mesmo Gramsci parte dos conceitos abstratos para ir para a análise concreta.
Para compreender hegemonia, partimos da análise do senso comum. Gramsci parte do concreto, ou da análise da menor porção do concreto, da política, que é o senso comum, e avança para a hegemonia, que é a máxima abstração.
Seria injusto afirmar que o Gramsci reduz a questão à política. Por pensar muito na política, faltaria uma teoria da história mais robusta de fundo.
A ideia de hegemonia é vinculada a uma sociedade específica. Na prática política não dá pra localizar tal afirmação. Gramsci impossibilita na prática política que a hegemonia seja específica do modo de produção capitalista.
De todo debate, é possível perceber que a teoria não garante uma prática revolucionária, e a prática revolucionária não garante a teoria revolucionária.[1]
Aparentemente, a elaboração se dá nos marcos da urgência, uma “teoria da urgência”, que acaba cedendo aos encantos do empirismo, como uma deturpação metodológica, resultando em um individualismo metodológico (Robinsonadas).
À epistemologia de grupos sociais, contrapõe-se a leitura universalizante proposta pelo marxismo.
6. Pauta religião, senso comum e filosofia para refletir sobre a relação entre ação consciente (ou fato intelectual) e concepção de mundo, ou o contraste entre o pensar e o agir, admitindo que, por razões de natureza histórico social, determinado grupo toma de outro grupo uma concepção que não é sua, por razões de submissão ou subordinação intelectual, concluindo que a escolha e a crítica de uma concepção de mundo são fatos políticos.
7. Como núcleo do senso comum, ou núcleo do “bom senso”, identifica a ideia popular de filosofia como superação das paixões e necessidade de direção consciente (p. 98), evidenciando a impossibilidade de estancamento entre filosofia “cientifica” e filosofia “vulgar”.
8. O contato entre os “intelectuais” e os “simples”, de onde vem as questões a serem problematizadas, deve refletir a unidade entre teoria e prática. A relação com a realidade é o pressuposto para elaboração e difusão de determinada filosofia (p. 101).
9. Finalmente, concebe filosofia da práxis como crítica ao senso comum, baseando-se no senso comum para conduzir “os simples” a uma concepção de vida superior. Aponta a necessidade de conformação de um bloco intelectual-moral que torne politicamente possível o progresso intelectual das massas. (p. 103).
10. Problematiza a separação da teoria e da prática (perda de contato entre os intelectuais e a realidade das massas p.105), como expressão da fase histórica econômico-corporativa, destacando os partidos políticos como recrutadores dos indivíduos destacados da massa. Os sujeitos recrutados agem sob unidade impulsionados por uma atividade volitiva (p; 106), agem sob unidade teórico-prática, convertendo-se em protagonistas.
11. A superação do senso comum exige a repetição dos argumentos e educação das massas (p.110) para constituição de uma elite intelectual. Referida atuação altera o panorama ideológico de uma época, onde a adesão das massas se verifica mediante a crítica real da racionalidade e historicidade dos modos de pensar.
Observações: Gramsci tem a preocupação de esboçar uma teoria sobre o fascismo, a partir de uma natureza estruturante, o que é importante para identificar as forças em luta.
No texto não há uma perspectiva de fascismo como ideologia individual, mas uma perspectiva hegemônica, em que o capitalismo em crise está e transmutação o máximo de seu autoritarismo, estruturalmente. Todos os conceitos acabam tendo um sentido. Lutar contra o fascista na guerra é diferente de lutar contra o fascismo hoje. No texto há claramente uma construção necessária. Hoje, a utilização de “fascismo” parece não contribuir, metodologicamente, sob um recorte de classe, para a identificação de um inimigo na luta.
No texto é possível identificar uma estrutura fascista. A hegemonia foi posta a partir de preceitos de radicalização dos patamares de mais valor em uma nova forma. Não é um conceito puramente “ideológico”.
A vanguarda do fascismo são setores médios esmagados pelo avanço da classe operária. O texto expressa um contexto em que essa insatisfação se generalizou e conquistou a liderança de frações burguesas, assumindo-se como único setor capaz de conter o avanço do movimento operário socialista. Esse não é o caso do Brasil, e de nenhum outro país do mundo. Há uma diferença de grau, mas no Brasil, nos últimos quinze anos, a classe trabalhadora melhorou de vida e existe um setor médio pressionado e insatisfeito em disputar espaços de privilégio com negros e pobres, o que origina um discurso semelhante.
O problema de uma análise que caracteriza fascismo sem a ocorrência dos elementos estruturantes, como se verifica atualmente no debate brasileiro, é a divisão da sociedade em blocos sociais, e não classes econômicas, colocando na luta mais elementos voluntaristas que estruturantes. Na perspectiva estruturante, o fascismo não se realiza a partir da vontade das pessoas. Historicamente, o fascismo não se realizou porque existia uma insatisfação, mas porque haviam elementos estruturantes no capitalismo que o engendraram.
Quando Gramsci trata do fascismo, se aproxima da leitura de Trotsky, no sentido de que a realização do fascismo exige um caráter orgânico do movimento. Para Trotsky, o fascismo é o partido da contrarrevolução, ou seja, expressa uma organicidade, inclusive uma lógica de luta pelo poder. É diferente ser de direita, ou de extrema direita, e ser fascista. O fascismo apresenta um engajamento, de maneira organizada, com um programa de aniquilamento dos movimentos sociais.
Nesse momento, é válido lembrar o conceito de tragédia e farsa, trabalhado por Marx. Normalmente o termo é empregado como metáfora mas, na realidade, é uma categoria que integra o método de Marx, que compreende o retorno da história como tragédia e depois como farsa. A repetição da história como farsa expressa uma contradição que não está completamente resolvida, mas não tem os elementos estruturantes.
O conceito de hegemonia é importante porque para ser estruturante tem que ser hegemônico. No texto, o fascismo era hegemônico. A disputa de frações da burguesia não estava tão evidente como hoje.
Na atualidade, o fascismo está sendo empregado com um sentido de conservadorismo.
Outro aspecto interessante do texto é demonstrar como a massa pode ser influenciada pela filosofia tradicional, apensar de desconhecê-la. Nos cursos de direito, profundamente estruturados na filosofia kantiana, reproduzidos sem que ninguém conheça Kant.
Gramsci critica Bukharin para indicar que a crítica deve partir da vida concreta das pessoas, para se tornar inteligível.
12. Critica o “Ensaio popular” (A teoria do materialismo histórico, Bukharin), na medida em que parte da crítica às “filosofias tradicionais”, enquanto deveria partir da crítica da filosofia do senso comum (p. 114). Segundo o Autor, o trabalho criticado pressupõe que as filosofias tradicionais se opõem à filosofia popular, enquanto as massas desconhecem a filosofia tradicional, e somente são externamente influenciadas tendo a filosofia tradicional como elemento de força coesiva da classe dirigente. Ao longo do texto reafirma a crítica da relação com o senso comum, expressando sua preocupação com a atividade de elevação do nível cultural das massas, para o que se deve “partir do que o aluno já conhece” (p. 119).
Observações: Gramsci critica Bukharin, formulando uma contribuição no sentido de que as pessoas se mobilizam a partir de sua realidade concreta.
A filosofia tradicional, como hegemonia, expressa o senso de outra classe, de modo que a elevação da consciência deve partir do senso da própria classe, “parte-se do que o aluno já conhece”.
TEXTO 2 – GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere – Vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 93-120.
13. O caderno 13 é intitulado “Breves notas sobre a Política de Maquiavel”, e trata sobretudo de temas relacionados ao Estado e à política em geral. O excerto debatido trata do economicismo. (Introdução).
14. O Autor problematiza a origem do economicismo, ou sindicalismo teórico, suscitando as hipóteses de derivação direta do liberalismo ou da própria filosofia da práxis, indicando que possui apenas relações extrínsecas com a filosofia da práxis (p. 46).
15. Aponta a polêmica entre Einaudi e Croce. Einaudi, ao relacionar a origem do economicismo com a contaminação da literatura econômica política inglesa, com a filosofia da práxis (p. 46), realizaria uma crítica imprecisa, ao que Gramsci opõe a relação entre “ideologias livre cambistas”, tendência imposta pelo grupo dominante, e o “sindicalismo teórico” (p. 47), tendência do grupo subalterno, ocasionada pela ausência de consciência de sua força.
16. O movimento do livre câmbio expressa a distinção entre sociedade política e sociedade civil. O liberalismo é um programa político destinado a determinar a condução do programa econômico do Estado, ou seja, a distribuição de sua renda nacional. Expressa a existência de uma fração do grupo dirigente que pretende modificar a orientação governamental, uma vez que o protecionismo limitaria a liberdade de iniciativa industrial.O sindicalismo teórico sujeita o grupo subalterno à fase econômico-corporativa, impedindo sua ascensão à fase de hegemonia (p. 47). Impõe o sacrifício da independência e autonomia do “grupo subalterno” e sua submissão à hegemonia intelectual do grupo dominante.
17. O sindicalismo teórico apresenta-se como um aspecto do liberalismo, excluindo-se a possibilidade de transformação do grupo dominado em dominante porque o problema sequer é formulado, ou é formulado de modo incongruente ou se afirma “o salto imediato do regime dos grupos àquele da perfeita igualdade e da economia sindical”.
18. O economicismo se apresenta de outras formas, como no abstencionismo eleitoral, de modo que o partido converte-se em um mero organismo educativo de tipo sindical (p.48).
Observações: Não é possível apresentar, como uma questão conceitual, que o abstencionismo eleitoral é economicismo. Talvez seja uma questão conjuntural. Em alguns instantes, o autor teoriza a partir de uma necessidade de época, contingente, específica.
Não se trata de uma questão programática, mas uma praticidade política necessária em determinada conjuntura.
19. Suscita, como ponto de referência ao estudo do fenômeno, a compreensão das relações entre estrutura e superestrutura, a partir da Miséria da Filosofia (Marx), ao considerar uma fase importante do desenvolvimento do grupo social, o momento que as reivindicações econômicas dão lugar à defesa da própria organização (p. 49). “A Miséria da Filosofia é um ponto essencial na formação da filosofia da práxis”.
20. Sugere a conexão direta entre a afirmação de Engels, de que a economia, só em última análise é o motor da história (Carta para Joseph Bloch. Disponível em https://www.marxists.org/portugues/marx/1890/09/22.htm) com um trecho do prefácio à Crítica da Economia Política em que diz que os homens adquirem consciência dos conflitos que se verificam no mundo econômico no terreno das ideologias.
21. Assinala como característica do economicismo histórico 1. A ausência de distinção entre o que é “relativamente permanente” e o que é flutuação ocasional, e a compreensão do fato econômico como interesse pessoal de pequeno grupo; 2. Desenvolvimento econômico reduzido à sucessão de modificações técnicas; 3. Desenvolvimento histórico decorreria imediatamente das mudanças dos elementos da produção.
22. Difundida como economicismo, a filosofia da práxis perde grande parte de expansividade no grupo intelectual, ao passo que é prestigiada entre as massas e intelectuais medíocres (P. 52).
23. É necessário combater o economicismo na teoria e na prática políticas. Deve ser conduzida desenvolvendo-se o conceito de hegemonia. (p. 53)
24. No combate do economicismo, sugere o estudo de movimentos políticos como o boulangismo[2], apontando como processo de analise 1. A identificação do conteúdo social da massa que adere ao movimento, 2. o papel da massa no equilíbrio de forças, 3 significado político e social das reivindicações, 4. conformidade entre os meios e fins e 5. formulação da hipótese de que o movimento servirá a interesses distintos daqueles que a massa espera.
25. O processo é tido como mecanismo científico para análise e combate político. Há uma contraposição entre política e moral. Combate político, científico e ações individuais. (P. 54).
26. Sugere a analise e identificação dos elementos de força do economicismo, culminando na esfera da hegemonia e das relações ético-políticas.
Textos complementares:
ENGELS. Carta para Joseph Bloch. Disponível em <https://www.marxists.org/portugues/marx/1890/09/22.htm>.
LIGUORI, Guido (org.). Dicionário Gramsciniano (1926-1937) /Organização Guido Liguori e Pasquale Voza; Tradução Ana Maria Chiarini, Diego Silveira Coelho Ferreira, Leandro de Oliveira Galastri e Silvia de Bernardinis. 1ª edição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2017. P. 71
[1] “Qual será, então, a verdadeira concepção do mundo: a que é logicamente afirmada como fato intelectual, ou a que resulta da atividade real de cada um, que está implícita na sua ação? E, já que a ação é sempre uma ação política, não se pode dizer que a verdadeira filosofia de cada um se acha inteiramente contida na sua política?” (pág. 97).
[2] “O boulangismo foi um movimento político de oposição à Terceira República francesa entre 1886 e 1891. Em torno de George Boulanger se uniram forças políticas monárquicas e nacionalistas de diversos matizes. G. se refere ao boulangismo no Q 4 e retoma do discurso no Q 13, sempre com relação às discussões sobre o economismo (ou economicismo). A interpretação de G é que o economicismo, em suas muitas variantes, embora incidindo sobre o materialismo histórico, é uma ideologia burguesa: “Em sua forma mais difundida de superstição economicista, a filosofia da práxis perde grande parte de sua expansividade cultural na esfera superior do grupo intelectual, na mesma proporção em que adquire entre as massas populares” (Q13, 18, 1.595 [CC, 3, 52]).A proposta de G. é que se combata o economicismo “desenvolvendo o conceito de hegemonia” (ibiden, 1.595-6 [CC, 3, 53]). Como hipótese teórica sugere que se estudem certos movimentos políticos tomando o boulangismo como “arquétipo” (Q4, 38, 464) ou “tipo” (Q13, 18, 1.596, Texto C [CC, 3, 46]). (Dicionário Gramsciniano (1926-1937)/Organização Guido Liguori e Pasquale Voza; Tradução Ana Maria Chiarini, Diego Silveira Coelho Ferreira, Leandro de Oliveira Galastri e Silvia de Bernardinis. 1ª edição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2017. P. 71)
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