RELATÓRIO - Reunião 19/04/2018 - Textos do “Gramsci Maduro” - Tema: os intelectuais.
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Relatório – Reunião 19/04/2018
Tema: os intelectuais
Presentes: Alexandre, Deise, Flávio, Gabriela, Giovana, Irene, Leila, Marcus, Pablo.
TEXTO – GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere – Vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p.15-53.
1. O texto “Cadernos do Cárcere” foi escrito entre 1891-1937. Especificamente iremos tratar do Caderno 12, de 1932, intitulado “Apontamentos e notas dispersas para um grupo de ensaios sobre a história dos intelectuais”.
2. Nota prévia de Carlos Nelson Coutinho, explica que o próprio Gramsci dividiu os “Cadernos do Cárcere” em “cadernos especiais” – mais tardios, agrupamento de notas sobre temas específicos; e “cadernos miscelâneos” – apontamentos de diferentes assuntos. Vamos trabalhar com o Caderno 12, portanto, “caderno especial”, formado por texto “C”, ou seja, texto que Gramsci cancela e retoma com maiores ou menores alterações (Nota prévia - p.7).
3. O objetivo do texto é tratar dos intelectuais e responder questões como “quais camadas da sociedade produzem intelectuais”, “qual a organicidade dos intelectuais” (p.20), “quais os limites máximos da acepção de “intelectual” (p.18). E, por fim, analisar historicamente o desenvolvimento dos intelectuais em diversos países, análise que deverá ser verificada e aprofundada (p.25), bem como realizar observações sobre a escola (p.42).
Observações
- Observação 1: Althusser estuda ciência - teoria da ciência de Althusser -, possui caráter científico. Gramsci quando escolhe recorte metodológico, foge do caráter sociológico, isso tem relação com o que é desenvolvido e aprofundado por Althusser. No livro “Resposta a John Lewis - a Questão do Humanismo”, o primeiro Althusser apresenta a ciência como mais objetiva, sendo que a Filosofia e a luta política seriam transportadas para a ciência. O procedimento de análise positivista só consegue ser método quando produz a divisão social do trabalho.
- Observação 2: Althusser toma Gramsci como teoria em estado prático, pois apesar de não ter refinamento teórico, o seu mérito é reconhecido por ter ligado trabalho à teoria em estado prático. Há influência de Gramsci na teoria da ideologia de Althusser, quanto a relação do conceito de hegemonia e dos aparelhos repressivos do Estado. Se afastados os conceitos do primeiro Althusser, existe a possibilidade da influência da teoria Gramsciana.
- Observação 3: impressão que o Gramsci não observa o recorte materialista histórico dialético durante todo o texto.
- Observação 4: a proposta da escola universal possui uma formação aliada ao trabalho, mas o proposto por Gramsci ainda permanece a divisão entre trabalho manual e intelectual, diverso do proposto por Marx. Há um peso exagerado atribuído ao papel da escola enquanto formadora de quadros de intelectuais.
- Observação 5: o intelectual é relacionado à técnica, trabalha com a reprodução do modo de reprodução capitalista. O intelectual como conceito mais amplo tem relação com a técnica, pois no capitalismo a técnica é a forma de reproduzir a força de trabalho. A construção da reprodução da força de trabalho é pensada tecnicamente. A teoria da política, a teoria de hegemonia e ideologia são ligadas à reprodução da força de trabalho. Há a presença de um empirismo histórico dialético, decorrente da política.
- Observação 6: Gramsci observa a formação burguesa e quer formar algo reverso no trabalhador. Em outras palavras, quer inverter a fórmula é não a destruir, o que fica evidente na proposta da escola, em que trata da questão do conteúdo e não da forma. É preciso inserir Gramsci em seu momento histórico, do fascismo, da revolução socialista, mas ainda dentro do seu contexto, tem o mesmo vício de Stutchka, da solução pela mudança no conteúdo e não da forma.
- Observação 7: distinguir processo pré-revolução e pós-revolucionário, escola mais críticas podem fazer parte de momento pré-revolucionário, mas após a revolução passa a ter outro significado. Devemos ficar atentos se o pensamento de Gramsci diz respeito ao fazer a revolução e se pensa o fim do modelo, ou se não teria fim.
4. A respeito do caráter metodológico, Gramsci afirma que a pesquisa sobre a história dos intelectuais não será de caráter “sociológico”, mas dará lugar a série de ensaios de “história da cultura” e de história da ciência política (p.17). Adverte que a primeira parte da pesquisa será uma crítica metodológica das obras já existentes sobre os intelectuais, quase todas de caráter sociológico (p.18).
5. Gramsci identifica como o erro metodológico mais difundido a busca de critério de distinção das variadas atividades intelectuais no que é intrínseco, ao invés de buscar no conjunto do sistema de relações em que estas atividades – e grupo de pessoas – se encontram no conjunto geral das relações sociais (p.18).
6. Quais limites máximos da acepção intelectual? O operário ou proletariado caracteriza-se pelo trabalho em determinadas condições e em determinadas relações sociais. Gramsci ressalta que qualquer trabalho físico exige um mínimo de atividade intelectual criadora (p.18, § 2º). Assim, lança mão da seguinte afirmação: “todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens tem na sociedade a função de intelectuais” (p.18). Por isso, formam-se categorias especializadas para o exercício da função de intelectual em conexão com todos os grupos sociais, sobretudo os mais importantes.
7. Gramsci parte da seguinte indagação, logo no início do texto: “os intelectuais são um grupo autônomo e independente, ou cada grupo social tem uma própria categoria especializada de intelectuais” (p.15). Para responder à pergunta, destaca duas formas mais importantes de formação de intelectuais:
a) Intelectuais orgânicos (de cada grupo social fundamental): todo grupo social cria para si, organicamente, uma ou mais camadas de intelectuais que dão homogeneidade e consciência da própria função, no campo econômico, social e político.
- Observação 8: os intelectuais orgânicos são os oriundos do movimento do novo; a nova classe forja o seu intelectual.
Citação: “O empresário representa uma elaboração social superior, já caracterizada por certa capacidade dirigente e técnica (isto é, intelectual) [...]. Se não todos os empresários, pelo menos uma elite deles deve possuir capacidade de organizar a sociedade em geral, em todo seu complexo organismo de serviços, até o organismo estatal, tendo em vista a necessidade de criar as condições mais favoráveis à expansão da própria classe” (p.15).
Citação: “os intelectuais orgânicos que cada nova classe cria consigo e elabora em seu desenvolvimento progressivo são, na maioria dos casos, “especializações” de aspectos parciais da atividade primitiva do tipo social novo que a nova classe deu à luz” (p.16)
b) Intelectual “tradicional (grupo social “essencial”, possui categoria de intelectuais preexistentes): intelectuais que integram a estrutura econômica anterior, parecem representantes de uma continuidade histórica. Para Gramsci a mais típica destas categorias é a dos eclesiásticos, ligada à aristocracia fundiária, que detinha o monopólio de serviços importantes, a ideologia religiosa monopolizava a instrução, moral, justiça, assistência. O poder central do monarca também favoreceu a criação de outras categorias, como a aristocracia togada, camada de administradores, cientistas, teóricos, filósofos não eclesiásticos (p.16).
A formação dos intelectuais tradicionais se liga à escravidão do mundo clássico e à posição dos libertos de origem grega e oriental na organização social do Império Romano, junto com o nascimento e desenvolvimento do catolicismo e da organização eclesiástica (p.26).
- Observação 9: Gramsci traz a divisão social do trabalho, com a reprodução da venda da força de trabalho como algo que seria parte da sociedade. Nesse sentido, os artesãos dominavam a técnica, o clero é descolado do trabalho, o empresário tem a capacidade técnica de gerir. A técnica tem sentido ideológico, por isso o peso dado à escola, como aparelho mais importante, pois é responsável pela reprodução da técnica, isto é, a reprodução do capitalismo. A intenção de acabar com a produção para a difusão da técnica tem sentido no modo de produção capitalista. Se ultrapassar o modo de produção capitalista, a capacidade de gerir e conduzir, a técnica, tem sentido que permanece único. O intelectual orgânico tem relação com a classe específica, mas no capitalismo é ligado à técnica. Por isso traz a ideia de que o movimento operário deveria produzir seus próprios intelectuais e ganhar os intelectuais tradicionais.
8. Os intelectuais tradicionais colocam-se como autônomos e independentes do grupo social dominante, o que tem consequências no campo ideológico e político, mas para Gramsci esta posição trata-se de “utopia social” (p.17).
9. Todo grupo que se desenvolve no sentido do domínio tem como característica marcante sua luta pela assimilação e pela conquista ideológica dos intelectuais tradicionais, assimilação e conquista que são mais rápidas e eficazes quanto mais o grupo em questão for capaz de elaborar simultaneamente seus próprios intelectuais orgânicos (p.19).
- Observação 10: o início do modo de produção e a disputa pelos intelectuais tradicionais, por isso é importante a cooptação.
10. Importância no mundo moderno das categorias e funções intelectuais: buscou-se aprofundar e ampliar a intelectualidade de cada indivíduo e multiplicar as especializações e aperfeiçoá-las. As escolas visam preparar intelectuais, de diversos níveis. “A complexidade da função intelectual nos vários Estados pode ser objetivamente medida pela quantidade das escolas especializadas e pela sua hierarquização” (p.19).
11. “Formam-se camadas que, tradicionalmente, “produzem” intelectuais; e elas são as mesmas que, com frequência: pequena e média burguesia fundiária e alguns estratos da pequena e média burguesia urbana.
12. Relação dos intelectuais com o mundo da produção não é imediata, como ocorre com os grupos sociais fundamentais, mas é “mediatizada”, em diversos graus, por todo o tecido social, pelo conjunto das superestruturas, do qual os intelectuais são precisamente os “funcionários” (p.20).
13. Gramsci destaca dois grandes planos superestruturais: (a) sociedade civil, conjunto de organismos designados como “privados”, que corresponde a função hegemônica que o grupo dominante exerce em toda a sociedade. E (b) “sociedade política ou Estado”, que se expressa no Estado e no governo “jurídico” (p.20/21).
- Observação 11: a concepção de organismo privado trazido por Gramsci se assemelha ao sentido atribuído por Althusser dos Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) e do aparelho (repressivo) de Estado. A teoria de Gramsci se cria no empirismo e é Althusser, a partir dos aparelhos ideológicos, que pensa de outra maneira, pois reconhece o problema científico.
- Observação 12: incômodo presente na leitura do texto, pois Gramsci parece propor soluções baseadas no conteúdo e não na forma. Assim, não abre possibilidade de acabar com a ideologia do que é público. A questão da metodologia marxista deve ser objeto de atenção do grupo nas próximas leituras para investigar de modo mais aprofundado a posição de Gramsci com relação à isto.
14. Os intelectuais são os “prepostos “ do grupo dominante para o exercício das funções subalternas da hegemonia social e do governo político. O consenso “espontâneo” nasce “historicamente do prestígio obtido pelo grupo dominante pela sua posição e função no mundo da produção. Por outro lado, o aparelho de coerção estatal assegura “legalmente” a disciplina dos grupos que não “consentem” (p.21).
15. No mundo moderno a categoria dos intelectuais ampliou-se enormemente, pelas necessidades políticas do grupo fundamental dominante. Essa formação estandardizou os indivíduos na formação intelectual e na psicologia, determinando os mesmos fenômenos: concorrência, desemprego, superprodução escolar, emigração.
16. Dois tipos de intelectuais:
a) intelectual do tipo urbano: crescem junto com a indústria e ligados às suas vicissitudes. São bastantes estandardizados, confundem-se com o estado-maior industrial (p.22).
b) intelectual do tipo rural: são “tradicionais”, ligados à massa social do campo e pequeno-burguesa (p.22). Esses intelectuais (ex: padre, advogado, professor, tabelião, médico) colocam a massa camponesa em contato com a administração estatual ou local, por isso possui função político-social. A atitude do camponês em relação ao intelectual é dúplice: admira posição do intelectual, ao mesmo tempo que “mistura de inveja e raiva apaixonada” (p.23). “Todo desenvolvimento orgânico das massas camponesas, até um certo ponto, está ligado aos movimentos intelectuais e delas depende”.
- Observação 13: Gramsci estava inserido no contexto histórico da unificação tardia da Itália e a cidade de Turim possuía dimensão mais difundida do trabalho abstrato, enquanto no campo havia maior presença do trabalho concreto. Assim, a construção do intelectual orgânico é diferente na cidade, por isso a importância da disputa para a questão do campo, onde era grande a presença do intelectual tradicional. Evidencia-se que Gramsci nem sempre adjetiva o intelectual, ou seja, especifica qual o tipo de intelectual está tratando. Disputa do intelectual é específica do modo de produção capitalista.
17. Para Gramsci, a diferenciação do item anterior importa para refletir acerca do partido político moderno, suas origens reais, desenvolvimento e formas. Para estas reflexões faz as seguintes distinções:
(a) partido político como modo próprio de elaborar sua categoria de intelectuais orgânicos, que se formam no campo político e filosófico (p.24);
(b) partido político é o mecanismo que realiza na sociedade civil a mesma função desempenhada pelo Estado. Desempenha o papel da soldagem entre os intelectuais orgânicos do grupo dominante e os intelectuais tradicionais (p.24). Todos os membros do partido devem ser considerados intelectuais, ainda que em distintos graus, mas há uma função que é diretiva e organizativa, que é intelectual.
- Observação 14: Lênin afirma que todos do partido são intelectuais, o que aproxima do militante profissional. Destaque ao caráter orgânico da direção, pois as massas precisam de direção.
18. A partir das conceituações realizadas, Gramsci analisa historicamente o desenvolvimento dos intelectuais em diversos países, de modo a classificar de acordo com os conceitos apresentados:
(a) Itália: função internacional/cosmopolita dos intelectuais, que é a causa e efeito do estado de degradação desde o Império Romano (p.26), com impossibilidade de construir sólida base nacional (p. 27).
(b) França: complexo de desenvolvimento harmônico. Ressalta o preparo para todas as funções sociais do novo agrupamento social que aflorou em 1789 (p.26). A construção intelectual explica função da cultura francesa nos séculos XVIII e XIX, com expansão do caráter imperialista e hegemônico de modo orgânico.
(c) Rússia: organização política e econômica criada pelos normandos (veregos) e religiosa pelos gregos bizantinos. Em segundo momento, França e Alemanha levam a experiência europeia à Rússia e experiência estrangeira é assimilada. Recentemente, pessoas mais ativas, empreendedoras e disciplinadas vão ao exterior, assimilam cultura dos países do ocidente mais desenvolvidos, sem perder as características essenciais da própria nacionalidade (p.27).
(d) EUA: imigrantes anglo-saxões são elite intelectual e sobretudo moral. “Trazem para a américa [...] um certo grau de civilização, uma certa fase da evolução histórica europeia” (p.27). Nota-se a ausência de intelectuais tradicionais. Gramsci destaca a formação de intelectuais negros (p.30), que absorveram a cultura e técnica americanas [estadunidense].
(e) Inglaterra: surpreendente desenvolvimento econômico-corporativo, mas pouco no campo intelectual-político. É ampla a categoria do intelectual orgânico, nascido no mesmo terreno industrial do grupo econômico. Mas na esfera elevada, estão os intelectuais tradicionais, pois resta conservado o quase monopólio da velha classe agrária, que mantem a supremacia político-intelectual.
(f) Alemanha: sede de instituição e ideologia universalista, supranacional.
(g) América do Sul e Central: análise deve levar em conta que inexiste ampla categoria de intelectuais tradicionais, maioria é intelectual do tipo rural, ligado ao clero e aos grandes proprietários. Destaca influência da maçonaria e da “igreja positiva” (p.31)
(h) Japão: civilização industrial que se desenvolve dentro de um invólucro feudal –burocrático, com características próprias (p.31).
(i) China: completa separação entre os intelectuais e o povo. Problema dos diversos modos de conceber e praticar a mesma religião entre os diversos estratos da sociedade (p.31).
- Observação 15: os cadernos são pedaços e há o privilégio da formulação que tem mais liberdade. Gramsci conta a história de cada país em caráter descritivo, sem pensar em blocos ou realizar análise mais detida. A leitura do texto deixou a impressão de falta de preocupação de Gramsci com os países sul-americanos, tanto é que a análise da América do Sul é realizada sem individualizar os países e em conjunto com a América Central. Além disso, passa a ideia de um caráter evolucionista, com a questão de levar a civilização para determinados países. Contudo, tal interpretação é feita a partir do recorte dos textos lidos, por isso pode ser fruto desta escolha.
19. Gramsci passa para a análise da formação e do que denomina crise escolar. Apresenta a tendência em abolir a escola formativa e, por outro lado, difundir as escolas profissionais especializadas. Propõe como solução uma “escola única inicial” (escola unitária/escola de formação humanista), de cultural geral, humanista, que equilibre capacidade do trabalho manual e intelectual, para posteriormente passar para escola especializada ou ao trabalho produtivo (p.33). A instituição desse modelo requer diversas transformações na organização prática da escola: prédios, material científico, ampliação do corpo docente (p.36). O autor especifica o projeto: escola unitária deveria corresponder as escolas primárias e médias, com término aos 15 ou 16 anos, em tempo integral. “O novo tipo de escola deverá ser – e não poderá deixar de sê-lo – própria de grupos restritos, de jovens escolhidos por concursos ou indicados sob a responsabilidade de instituições idôneas” (p.37 - questão da meritocracia). O Estado deve assumir as despesas para a manutenção escolar (p.36).
- Exemplo atual: escola da Ponte, em Portugal; escola Âncora em Cotia, mas esta é financiada pelo empresariado.
- Observação 16: Gramsci assume a escola unitária como forma de solução do modo capitalista de produção, pois pretende a maior profissionalização e evolução técnica da classe trabalhadora. Na leitura evolucionista do capital, defender a escola técnica faz sentido como proposta de amadurecer a classe trabalhadora para a revolução. Contudo, a partir dessa premissa, o lógico seria a inserção do(a) trabalhar(a) na universidade, para aproximar do conhecimento.
20. O advento da escola unitária significaria novas relações entre trabalho intelectual e trabalho industrial (p.40).
21. Trata da necessidade de modificar também a preparação do pessoal técnico-político, de elaborar novos funcionários especializados. O dirigente político deve ter o mínimo de cultural geral para saber julgar entre as soluções projetadas pelos especialistas (p.34-35).
§ 2. Observações sobre a escola: para a investigação do princípio educativo.
22. Gramsci se propõe a criticar programas e a organização disciplinar da escola, a eficácia educativa da escola média italiana, pelo caráter de escolas do tipo profissional, que visam satisfazer interesses práticos mediatos – “ A escola tradicional era oligárquica já que destinada à nova geração dos grupos dirigentes [...]. A multiplicação de tipos de escola profissional tende a eternizar as diferenças tradicionais” (p.49).
23. Por outro lado, propõe novos programas com participação ativa da(o) aluna(o) e outras estratégias, para que o estudo seja desinteressado, sem finalidades práticas imediatas – “A marca social é dada pelo fato de que cada grupo social tem um tipo de escola próprio, destinado a perpetuar nestes estratos uma determinada função tradicional, dirigente ou instrumental”.
24. A respeito do papel docente, afirma que “um professor medíocre pode conseguir que os alunos se tornem mais instruídos, mas não conseguirá que sejam mais cultos” (p.45).
§ 3. Distinção entre intelectuais e não-intelectuais faz referência somente a imediata função social, pois não existem não-intelectuais, pois toda atividade humana pressupõe uma intervenção intelectual (p.52-53) – não se pode separar homo faber do homo sapiens. O tipo tradicional de intelectual é o literato, artista, filósofo. Gramsci propõe pensar sobre a criação de nova camada intelectual – novo intelectualismo – que deve ter inserção na ativa na vida prática, para tornar-se dirigente (especialista + político).
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