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RELATÓRIO - Reunião 11/11/2021 - Para uma ontologia do ser social, Georg Lukács (p. 552-556)

  • dhctem
  • 11 de nov. de 2021
  • 14 min de leitura

Relatório – Reunião 11/11/2021

Para uma ontologia do ser social (p. 552-556)


TEXTO: LUKÁCS, Georg. Prolegômenos e Para uma ontologia do ser social: obras de Georg Lukács. volume 13. Tradução Sérgio Lessa. Revisão Mariana Andrade. Maceió: Coletivo Veredas, 2018.


1 Apresentação inicial


Localização do texto: Capítulo III A falsa e a autêntica ontologia de Hegel, Seção 2 A ontologia dialética de Hegel e as determinações de reflexão (p. 552 -556)


Nesse ponto do texto, Lukács aborda a terceira parte da Lógica hegeliana, que trata da lógica do conceito. Nesse sentido, vale recuperar este conjunto: parte I – doutrina do ser; parte II – doutrina da essência; e parte III – a doutrina do conceito e da idéia (esta parte III trata do ser-retornado sobre si mesmo e ser-junto-a-si desenvolvido – no conceito em si e para si).


Aqui, Lukács entende que Hegel, ao descrever o terceiro estágio da lógica, retira como consequência a identidade sujeito-objeto, na medida em que a substância, no curso da sua processualidade, vê em seus momentos, que deixam de ser autônomos, uma identidade com o todo.


Mas, da mesma forma que ocorre na parte II da Lógica, Lukács critica Hegel por superestimar a homogeneização dos momentos e suas relações processuais.


Aparece aqui a então a expressão "desenvolvimento" "como uma das relações, como um dos processos, em que essa nova harmonia das determinações se deve comprovar", isso em se considerando a esfera do ser social. O "desenvolvimento" do sujeito-objeto idêntico introduz na realidade novas contradições, que não podem ser compreendidas como mera "mudança de forma".


Neste ponto, Lukács aponta incoerências internas entre momentos da exposição que Hegel promove da lógica do conceito em relação a outras passagens da Lógica. Destaca os seguintes momentos: de um lado, há o esforço de provar o surgimento do "novo" (como implicação da evolução, oposições e contradições) na estrutura da lógica do conceito; por outro lado, a "descrição do processo da vida no contexto da natureza como um todo". Estes dois momentos, assim contrapostos, permitem a Lukács verificar o predomínio, a vantagem da, digamos, abordagem dialética, pautada nas determinações de reflexão, em relação ao "restrito programa metafísico" que, aparentemente, é exposto por Hegel.


Essa constância, essa permanência das tensões autenticamente dialéticas na exposição da lógica do conceito é destacada por Lukács na passagem em que Hegel promove uma "descrição categorial do processo de vida em sua totalidade". São destacados três momentos (p. 553):


- Primeiro: "Com a identidade e simultânea contraditoriedade do ser-em-si da natureza e do ser-para-si da vida, toda a relação se revela como típica precisamente para a determinação de reflexão";

- Segundo: Surge o novo dessa interrelação, pleno de contradições, incompatível com a tal visão "harmônica de desenvolvimento";

- Terceiro: Hegel descobre o momento predominante do processo de vida em sua totalidade, em aproximação ainda maior com as determinações de reflexão corretamente compreendidas.

Avançando (p. 554), Lukács destaca as categorias novas generalidade, particularidade e singularidade que aparecem ainda na lógica do conceito, sustentando que seu conteúdo filosófico é muito significativo e que Hegel as emprega como determinações de reflexão, a despeito de aparecerem obliteradas por uma certa logicização (que depreende-se ser um traço da exposição hegeliana).

Para fins de localização, importante destacar que Lukács indica que Hegel, embora situe estas categorias na lógica do conceito, trata das suas relações dialéticas ainda na lógica da essência.

Aproximando a abordagem "no mesmo espírito" destas três categorias nas diferentes partes da Lógica, Lukács aponta:

- generalidade: "momento do devir da singularidade"

- particularidade: é a "generalidade determinada"; e também "momento do devir da singularidade"

Não se trata apenas da passagem de uma à outra o que interessa Hegel, sustenta Lukács; cada uma destas categorias, "precisamente em sua específica peculiaridade, pode ontologicamente caracterizar determinadas estruturas e mudanças estruturais na sociedade" (p. 555)

Como fechamento deste trecho, Lukács promove um balanço do percurso hegeliano “do conceito à ideia”, destacando o caráter basilar das determinações de reflexão na obra; determinações estas cuja "validade geral e fertilidade metodológica" ficam como substrato para uma ontologia do ser social.


2 Leitura e discussões


- Parágrafo “Ao passarmos [...]”


COMENTÁRIO: Acha interessante a clareza da crítica de Lukacs a Hegel, nesta passagem, considerando que se trata de comentários à verdadeira ontologia de Hegel, ou seja, ainda que esta parte contenha o melhor de Hegel, mesmo assim há elementos ali que são insustentáveis. Pondera que “insustentável” é um termo forte, nesse sentido.


COMENTÁRIO: Compartilha uma preocupação crescente que surge deste texto de Lukcs, no sentido de que, mesmo agora que se está aproximando do final, onde se encontra um texto com o caráter muito mais de comentário, observa que sempre parece que Lukacs extrapola um pouco, como na passagem que este autor menciona a não aceitação da teoria da evolução para os seres vivos... e isso não é explicado, não é possível saber se isso decorre logicamente do prório Hegel.


- Parágrafo “Isso se mostra [...]”


Flávio: Comenta que, nas leituras que fez de Hegel não ficara com a impressão da cisão entre natureza orgânica e inorgânica, atribuindo isso mais a uma leitura de Lukacs mesmo mas que, neste parágrafo, entretanto, com a transcrição de Hegel ali posta, isso fica bem claro. Observa que o texto é uma montanha-russa: ao contrário do parágrafo anterior, aqui Lukacs parece aderir fortemente a Hegel. Acha que este texto é ainda mais difícil que os Prolegômenos.


COMENTÁRIO: Observa que há um movimento peculiar no texto, porque vão aparecendo coisas novas, que parecem conclusões de Lukacs a respeito do texto mas em momentos seguintes os temas voltam; dentre outras coisas que tornam o texto difícil, pedregoso.


COMENTÁRIO: Pergunta se os Prolegômenos não foram publicados após a própria Ontologia.

Tarso: Observa que o próprio título [Prolegômenos] atesta o reconhecimento do autor de que devia ter tratado de algumas coisas antes do que aparece na Ontologia.


COMENTÁRIO: A propósito de aparecerem coisas novas no texto, pergunta se o termo “desenvolvimento” tem algum sentido próprio ou mesmo se já foi tratado em passagens anteriores, que não localizou. Comenta sobre uma pequena diferença de tradução entre esta edição e a da Boitempo. Observa que algumas expressões ou termos parecem nomes próprios ou categorias, mas não aparecem assim indicadas no texto. Por exemplo “desenvolvimento”.


COMENTÁRIO: Responde que, observando o texto, “desenvolvimento” parece se referir mesmo ao desenvolvimento das contradições na lógica dialética, e que ficou com a impressão que esta não seria uma categoria autônoma, seja em Hegel ou Lukacs.


COMENTÁRIO: A respeito disso, mas extrapolando para algo que se comunica com o todo do texto e o todo de Hegel, propõe a pergunta sobre se, operando a dialética, não acabamos por superar a própria ideia de categoria, porque esta ideia, na história da Filosofia, costuma designar uma maneira de pensar os aspectos de um ser que não é dialético, ou seja, uma tentativa de dar conta de contradições do ser que é inamovível, unitário, portanto uma ideia de algo fixo. Entende que, na dialética, a própria ideia de desenvolvimento põe em cheque a ideia de categoria.


Parágrafo “Na própria lógica [...]”


COMENTÁRIO: Comenta que a despeito de entender bem essa oposição entre universal e singular etc. ficou em dúvida sobre a diferença entre particular e singular. Relata que tinha uma compreensão a respeito disso que vinha da ideia de “experiência da consciência”, da Fenomenologia, com a “indicação” e a contrariedade/unidade entre particular e universal. Acha que isso aparece de alguma maneira neste trecho, mas observa que Lukacs usa “geral” e não “universal”, e pergunta se isso traz uma outra categoria, ou mesmo na relação indicada entre “singular” e “particular”, porque desconhece que estes termos sejam diferenciados em Hegel, pelo menos no que conhece do autor.


COMENTÁRIO: Responde que tem quase certeza que Hegel diferencia sim “particular” e “singular”, mas que não se recorda naquele momento como isso é feito. Propõe a seguinte posibilidade: o particular seria o singular tendo absorvido a contradição do universal.


COMENTÁRIO: Comenta que, ainda que soando um tanto anti-dialético, tentou “quebrar” o parágrafo onde essas categorias aparecem e, aí, a singularidade é dita "já posta pela particularidade"; “é o geral determinado e é também um particular". Propõe, de todo modo, que uma alternativa para descobrir isso poderia ser explorar o exemplo de determinação de uma destas categorias que Lukacs extrai de Hegel, ao final do parágrafo (“particularidade como contraste decisivo entre a Antiguidade e o Período Moderno”).


COMENTÁRIO: Destaca a seguinte passagem “»A generalidade e a particularidade aparecem (...) como os momentos do devir da singularidade.«” e, a partir dela, também numa abordagem anti-dialética de tese-antítese-síntese, a bem do debate, argumenta que parece que a singularidade é caracterizada ali como “síntese” da generalidade e da particularidade.


COMENTÁRIO: Concorda com o entendimento recém exposto. Argumenta que isso está colocado dentro da discussão sobre as determinações de reflexão, então generalidade e particularidade não se separam, ou seja, se conhece a generalidade como particularidade e esta com parte daquela, mas isso se sintetiza na singularidade. Argumenta que “síntese” talvez não seja adequado, mas sim um outro momento da interação destas três categorias.


COMENTÁRIO: Reforça que o emprego de “síntese” foi um rebaixamento mesmo para usar uma expressão mais comum a este debate.


COMENTÁRIO: Propõe-se a responder a provocação anterior sobre pensar estas categorias a partir do exemplo que Lukacs traz de Hegel (“particularidade como contraste decisivo entre a Antiguidade e o Período Moderno”). Argumenta que Hegel tem uma teoria da história na qual alguns povos têm história e outros não e que, a partir disso, a oposição entre particularidades e generalidades não necessariamente vai “sintetizar” uma singularidade, porque precisa ser uma síntese específica no sentido da teleologia histórica do espírito absoluto. Sustenta, por isso, que Hegel, por exemplo, não diria que a particularidade de um intocável na Índia com a generalidade da casta vai resultar numa singularidade que movimenta a História, porque a Índia não teria História e a Europa de fora movimentaria o fluxo histórico. Ou seja, a particularidade, resume, talvez interesse a Hegel como um momento do desenvolvimento do espírito absoluto.


COMENTÁRIO: Propõe tomar como exemplo o Estado e o indivíduo: a generalidade seria o Estado, como síntese das diversas particularidades de que uma sociedade é feita, mas isso não se confundiria com os indíviduos como singularidade, ainda que sejam marcados pela generalidade e particularidade do momento histórico em que o Estado assume determinada forma.


COMENTÁRIO: Pondera que o exemplo deve considerar o estado burguês, que presume indivíduos livres, porque, se retomasse seu exemplo da Índia, isso não funcionaria.


COMENTÁRIO: Considerando que o exemplo hegeliano é particularidade como contraste decisivo entre a Antiguidade e o Período Moderno, pergunta se isso não poderia ser, também, uma referência a uma formulação que Lukacs faz sobre a constituição da ideia de indivíduo, que ele atrbui a passagem do século XVII para o século XVIII. Porque, presumindo que este exemplo seja significativo de alguma maneira, pondera que a particularidade pode fazer uma referência ao indivíduo neste ponto.


COMENTÁRIO: Entende que sim, porque Hegel “resolve” a Filosofia a partir da Modernidade.


COMENTÁRIO: Concorda que isso faz todo sentido, até porque, se se pensa nos paralelos com Hegel, este Estado ideal em que ele entende que a História termina tem como particularidade necessária um indivíduo que tem as mesmas qualidades do estado (livre, igual, proprietário). Trata-se do “reino da liberdade” que ele enxerga na história naquele momento na Europa.


COMENTÁRIO: Comenta que isto tem tudo a ver com uma discussão promovida em outro espaço sobre a ideologia jurídica a partir de Bernard Edelman e sua ideia de dupla estrutura epecular entre Sujeito (estado) e sujeito (indivíduo).

- Parágrafo “Quanto mais o sistema hegeliano [...]”


COMENTÁRIO: Observa que este parágrafo é muito hegeliano, que ali Lukács abre totalmente sua teoria para a teoria do Hegel, adiantando o programa do trabalho hegeliano como modelo de organização da ontologia do ser social.


COMENTÁRIO: Reportando-se a um trecho interno ao parágrafo, comenta sobre como a série de adjetivos lançados ao texto complica sua leitura.


COMENTÁRIO: Observa que a passagem “tantas distorções dos estados de fato verdadeiros pelos seus preconceitos históricos de então” é essencial para a tradição lukacsiana que sustenta existirem “dois Hegel”: um “político”, “histórico” e outro “lógico”.


COMENTÁRIO: Aponta que isso se dá apesar de um “logicismo extremado”.


COMENTÁRIO: Responde que isso e também apesar da ideia de fim da história.


COMENTÁRIO: Comenta que, nesse sentido, Lukacs insiste na identidade sujeito/objeto, ora criticando, ora reivindicando Hegel, com uma dificuldade da qual ainda não saiu.


COMENTÁRIO: Observa que o trecho do parágrafo “Por independentes, diversas e até opostas que possam ser para o entendimento a causalidade e a teleologia, sua relação de reflexão sempre cria no trabalho processos inseparáveis nos quais causalidade espontânea e teleologia posta são, desse modo, dialeticamente unidas” é profundamente hegeliana e é o âmago da ontologia do trabalho de Lukács. Argumenta que ali Lukacs assume as deerminações de reflexão e mesmo a terminologia hegeliana, como o entendimento e a ideia de causalidade a partir do trabalho, em uma união dialética posta no trabalho, que possui finalidades e produz causalidades.


COMENTÁRIO: Indica que neste parágrafo de balanço há um esforço de acerto de contas, porque Lukács critica veementemente a logicização de Hegel mas conserva outras coisas, sugerindo uma síntese que parece separar método de método de exposição, ou seja, que Lukács encontra a dialética nas determinações de reflexão que aparecem em Hegel em que pese suas explicações “logicizantes”. Compartilha sua curiosidade sobre se existe aglum entendimento desautorizando esta apropriação que Lukács promove de Hegel porque é difícil promover isso aqui sem conectar todo o sistema hegeliano. Comenta outras passagens em que Lukács é categórico em celebrar a validade das determinações de reflexão mas em outras rejeita outros fundamentos, reportando à figura do “esterco das contradições”.


COMENTÁRIO: Se para Lukács as determinações de reflexão é o que é aproveitável de Hegel, pergunta quais os critérios autorizam isso ou porque exatamente esta categoria não é própria da Lógica hegeliana, que ele não pretende aproveitar. Observa também que as determinações de reflexão redundam em um certo determinismo na lógica hegeliana, então soa problemática essa assimilação de Lukács.


COMENTÁRIO: Concorda com esta crítica e retoma uma fala anterior no sentido de Lukács não sair das armadilhas auto-impostas, como por exemplo a identidade sujeito/objeto.


COMENTÁRIO: Argumenta que o que extrai de Lukács, sem reivindicá-lo, mas tentando entendê-lo, é que este autor se percebe tentando “injetar” uma materialidade em Hegel e o que sobraria de Hegel com isso seria as determinações de reflexão. Pode-se ver depois como isso se dará em Hegel, mas fica com a sensação geral de que essa busca da “verdadeira ontologia” é um escrutínio de Hegel a partir de uma ideia de ontologia material fundada no trabalho.


COMENTÁRIO: Pondera que a colocação da materialidade a partir do trabalho nas determinações de reflexão, por Lukács, parece desconsiderar que o trabalho para Hegel é uma idealização, assim incorporando um problema do idealismo. Comenta que centralidade do trabalho e centralidade da produção são diferentes e implicam em consequências bem diferentes.


COMENTÁRIO: Opina que este tratamento do rechaço da identidade sujeito-objeto assim feita abre caminho para a questão da verdade, aproximando a gnosiologia a um idealismo e a ontologia como a verdade “verdadeira” e que isso apaga a produção do conhecimento e de realidade a partir das relações de taerbalho confrontadas com as relações de produção. Traça um paralelo, em sentido contrário, com o que Marx promove desde a Ideologia Alemã até chegar no Capital, conseguindo materializar isso colocando o trabalho nas questões da classe e dos choques de classe, a partir do que se produz conhecimento e realidade. Retoma uma proposição anterior sobre diferenças entre uma dialética idealista e uma dialética materialsita e opina que é precisamente neste ponto que Lukács se atrapalha, inclusive regredindo em relação a Marx, talvez influenciado por seus escritos de juventude. Problematiza a ideia de ontologia para uma tradição marxista, já que ontologia assume na história da filosofia uma conotação anti-dialética, de algo sem determinações.


COMENTÁRIO: Faz uma nota sobre as implicações da ontologia do trabalho e um contraponto possível disso com a centralidade da produção, dando como exemplo os debates em torno do trabalho como princípio educativo e as teorias críticas da educação.


COMENTÁRIO: Comenta um aspecto da literalidade deste parágrafo ponderando ainda que mesmo sem saber onde esta proposta vai chegar nas partes seguintes da obra: “Pois a filosofia da sociedade elaborada por Hegel contém, ao lado do distorcido predomínio de sua almejada ontologia, tantas distorções dos estados de fato verdadeiros pelos seus preconceitos históricos de então [...]”. Observa que Hegel escreve sua Lógica em 1813 e Lukács produz este texto em 1960, ou seja, com uma diferença de 150 anos, portanto Lukács tem contato com um trabalho já subsumido ao capital, dada a Revolução Industrial e outras transformações, ao passo que Hegel não, portanto é possível perguntar até que ponto esta concepção de trabalho de Hegel pode ser aproveitada dado também que Lukács denuncia os “preconceitos históricos de Hegel”.


COMENTÁRIO: Argumenta que Lukács bem poderia ter exposto de um lado os problemas e de outro os méritos de Hegel e indicado claramente o que se descarta e o que vai aproveitar mas, ao contrário, este autor fica reiteradamente insistindo que Hegel é genial etc. Então se pergunta o porquê exatamente desta necessidade de Lukács de permanentemente promover estes juízos de Hegel.


COMENTÁRIO: Propõe uma reflexão a partir de um vídeo que assistiu recentemente: observa que os lukacsianos têm sustentado que a raça seria uma determinação reflexiva e isso lhe remete à diferença entre particularidade, universalidade e singularidade. Comenta que tinha a expectativa de poder entender as diferenças entre estas três categorias mas isso ainda não está claro a partir da leitura do texto. Relata que, no vídeo em que assistiu, o orador apontava a determinação reflexiva no sentido de pensar o sujeito na sua singularidade e que, cotejando com o que está discutido aqui, isto ainda não ficou compreensível.


COMENTÁRIO: Pergunta como se apresentam todo e parte nesta discussão assim proposta.


COMENTÁRIO: Retoma a discussão anterior sobre a passagem que envolvia singularidade, particular e generalidade, mencionando o exemplo do Estado que fora exposto. Pondera que até entendeu a ideia citada a partir do vídeo, mas se pergunta onde se quereria chegar com essa discussão aplicada à raça.


COMENTÁRIO: Relata que no vídeo mencionado o autor começava pela classe e luta de classes e depois citava este conceito de determinação reflexiva, mas que, recordando as discussões feitas aqui, não conseguiu entender onde ele queria chegar.


COMENTÁRIO: Pondera que, nesta dimensão política da classe, Lukács faz um jogo do particular com universal pensando no destino da classe trabalhadora como destino da humanidade em um certo sentido. Observa que uma das noções importantes para o pensamento político de Lukács é o argumento de que a classe burguesa, na sua revolução, apresenta seu interesse particular como interesse geral mas este interesse geral segue sendo particular, enquanto a classe trabalhadora apresentaria seu particualr como efetivamente geral pela implicação na abolição de todas as classes. Argumenta então que este pode ser um sentido desta discussão sobre raça, ou seja, o destino do trabalhador negro tem que ser o destino de todo o trabalhador.


COMENTÁRIO: Observa que esta relação entre particular-singular-universal para Marx aparece em vários momentos de sua obra, como na relação produção-troca-consumo etc. e, pensando em classes, comenta: a sociedade é dividida em classes sociais, que estão portanto ligadas em uma universalidade, mas são diferentes entre si, ou seja, são particulares; a classe trabalhadora, por sua vez, tem uma singulardade. Argumenta então, em resumo, que a partir daí se pode pensar em determinações de reflexão e que, em Marx, o que interessa é esta singularidade histórica material, ou seja, é a síntese de múltiplas determinações, como expunha Marx, sendo que estas determinações estão tanto no particular, singular ou universal, atravessando-as. Debatendo diretamente a questão da raça, o mesmo se poderia formular, mas há resultados diferentes em termos hegeliano ou marxiano: naquele, se recolve como ideia, como absoluto.


COMENTÁRIO: Pondera que se a pegada for apenas hegeliana, aponta para a questão identitária, ou seja, se se tira a questão da classe, o debate vira uma identificação ideal do particular.


COMENTÁRIO: Retoma o jargão do Manifesto Comunista sobre a história ser a história da luta de classes mudando em cada momento, sendo que o que dá concretude à este universal “sociedade de classes” são as características singulares de cada classe em conflito. Argumenta que aí está uma diferença fundamental entre Hegel e Marx porque, em Marx, esta singularidade também é transitória, já em Hegel é absoluta, não transitória.


COMENTÁRIO: Dialogando com a questão do identitarismo, pondera que, sem trazer a questão da classe, a questão em Hegel fica cindida ao indivíduo, nos marcos da ideologia burguesa mesmo. Voltando ao debate sobre luta de classes na história, observa, a partir de formulações de Marx e Engels sobre estudos antropológicos, que é difícil se falar em classes em certas sociedades expecíficas, cuja reprodução da vida social não é marcada pela propriedade privada. Argumenta também que, nos termos do método que aplicamos, as categorias de universalidade e totalidade operam pelo negativo, ou seja, é uma crítica do universalismo (que é uma ideia exacerbada no Iluminismo) e que Marx vai circuscrevendo essas coisas em materialidades concretas, pensando nas relações que são dadas nas finitudes.


COMENTÁRIO: Propõe uma pergunta sobre o alcance da utilização das determinações de reflexão fora de uma ontologia do trabalho para o método do materialismo histórico-dialético, mas pondera que isto deve retornar nos momentos seguintes da leitura.


COMENTÁRIO: Comenta que viu o vídeo mencionado antes, sobre raça e determinações reflexivas e, tomando em conta apenas o seu título, pode-se depreender que o argumento pode caminhar para outro lugar, no sentido de sustentar que o capitalismo é racista e vice-versa, como determinação reflexiva, o que é uma proposta diferente da elucubração que fizera logo antes sobre o encaixe da raça no pensamento de Lukacs.


COMENTÁRIO: Relata que o orador mencionou diretamente as determinações reflexivas a partir de Lukács mesmo.


COMENTÁRIO: Projeta para a próxima reunião o encerramento do capítulo, com as três páginas restantes.


Sequência para 18/11: p. 556, parágrafo que começa com “Nossa visão [...]”.


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