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RELATÓRIO - Reunião 29/04/2021 - Para uma ontologia do ser social, Georg Lukács (p. 447-450)

Relatório – Reunião 29/04/2021

Para uma ontologia do ser social (p. 477-450)


TEXTO: LUKÁCS, Georg. Prolegômenos e Para uma ontologia do ser social: obras de Georg Lukács. volume 13. Tradução Sérgio Lessa. Revisão Mariana Andrade. Maceió: Coletivo Veredas, 2018.


- Ponto 1 - A leitura se inicia no primeiro parágrafo da p. 447 do livro (“Que Hartmann não tome consciência...”) até (“... do significado do trabalho na vida cotidiana.”).


Comentários do trecho:

- o autor fala, aqui, sobre a historicidade do ser. E como o autor pensa numa antologia histórica, ele não consegue enxergar uma ontologia não dê conta de como o ser se coloca na realidade. Então, quando Hartmann trata de tipos de ser como tipos dados de ser, uma eternidade, ele está aproximando isso de Kant, numa coisa em si separada do conhecimento, e que, portanto, seria gnosiológica. E o que ele está propondo aqui é que a investigação do ser se dê sempre dentro do problema da gênese, portanto dentro dessa historicidade, porque os tipos de ser eles não seriam todos eternos, o ser natural inorgânico seria entre aspas o eterno, mas com o surgimento do ser natural orgânico e do ser social, isso seria transformado. (O autor segue desenvolvendo o raciocínio no próximo parágrafo).


- Ponto 2 - p. 447 do livro (“Apenas aqui torna-se compreensível...”) até p. 448 (“...seus próprios pensamentos acerca dessa questão apenas podem confirmar tal acusação.”).


Comentários do trecho:


- Levantou-se uma dúvida sobre a real ontologia e sua relação com a separação da psique e com o ser social, a partir do conceito do que que se entende por estética.


- Comentou-se que em “História e Consciência de Classe” aparece de modo semelhante a questão da ontologia, porém, em “Consciência de Classe”, Lukács fala que a gênese intelectual e a gênese histórica coincidem, e que as categorias intelectuais determinam a realidade e a sua gênese e, consequentemente, produzem a gênese histórica. Então há crítica a Hegel, pois este não teria encontrado um sujeito concreto dessa gênese, que seria na verdade o trabalho na história do proletariado. Contudo, parece que aqui nessa ontologia, ele (Lukács) não revê essa perspectiva, e na verdade ele aprofunda a crítica que ele faz ao Kant em “História e Consciência de Classe”. Assim, o autor critica Kant porque este se depara com a impossibilidade de conhecer a coisa em si, e isso é um problema porque ele não consegue compreender o ser social, a antologia, sendo que é esse ser social que explica para Lukács essa passagem desses patamares. Então esse seria o limite de não ter essa antologia real, com substrato real e material, do homem, do trabalho, que faria o Hartmann parar numa gnosiologia e não consegui apreender o que é o ser, que é fundamental para a constituição da ontologia, que é a possibilidade de entender a gênese histórica, e que é a gênese intelectual.


- Um ponto central é quando ele quando ele parte de uma de uma separação que está dada, no presente, para assumir que essa separação sempre existiu e seria uma esfera odontológica própria. Este ponto se conecta com a pergunta sobre real ontologia e com a questão da gênese. Gênese é importante para Lukács porque ele tá pensando por que vida é diferente de pedra; porque pedra existiu desde o Big Bang e vida não, até que, em certo momento, passa a haver vida. Por que o ser humano é diferente de protozoário? E por que não existiu ser humano junto com o protozoário, no dado momento depois que os protozoários viraram plantas, animais etc.? Por que, em um dado momento, surgiu um ser que é humano? Então, quando ele fala nesses patamares ontológicos, a gênese é importante porque se identificamos, em um dado momento histórico, que surge um ser diferente do anterior, é necessário compreender por que este é diferente do anterior e qual a diferença que se tem relação ao anterior. Nesse sentido, o que agnosiologia tomaria essa atual separação que existe entre esses seres como se fosse alguma coisa eterna, porque não conseguimos acessar com uma coisa se desenvolveu até chegar ali, que seria “a coisa em si”. Isso se conecta muito também com uma parte do Marx que o Lukács desenvolve bastante em sua obra, que é a ideia do indivíduo, a própria ideia de individualidade ou existência do indivíduo, ser um resultado histórico que a compreensão burguesa de mundo contemporâneo coloca como fosse um pressuposto da história. Toda essa discussão feita até aqui é para tentar dar conta desse problema da ciência burguesa, e do próprio Kant, da agnosiologia, portanto, lidarem com esse pressuposto histórico como se fosse um pressuposto do pensamento.


- No encontro anterior, houve um momento em que essa questão da gênese surgiu, quando mencionou-se que o fato trata de uma perspectiva histórica, e, portanto continua, e como tem essa continuidade desse processo histórico contínuo, há o problema de determinar o que seria a gênese, sendo que esta tem muita relação com a mudança qualitativa no processo histórico. Existem, sim, mudanças, do inorgânico para o orgânico, do orgânico para o social, e assim por diante, mas o que se detectaria, ainda que seja processual, seriam essas mudanças qualitativas. Então o genético estaria indicado nessa mudança qualitativa. Aqui o autor se colocando contra essa redução ao psique, que algumas vezes acontece com autores da fenomenologia, em que ele inclui Sartre e demais, que apostaram numa ideia finalística de angústia e de alguns conceitos mais subjetivantes, sendo que isso não seria o elemento ontológico específico. O elemento ontológico estaria no real, que é o trabalho, mas isso tem que ser visto como uma mudança qualitativa, quando ele qualitativamente vira um elemento da ontologia social, do ser social. Este é um debate que já se estabeleceu com os outros autores, sendo também um problema que o Hartmann repete.


- Parece que o Lukács ainda se coloca num modelo de filosofia da história hegeliano, que considera que a história vai avançando em determinado sentido específico supraindividual (teleologia), avançando nesses acúmulos quantitativos até ter saltos qualitativos.


- O debate proposto por Lukács refere-se a uma discussão ontológica e não lógica (gnoseológica) sobre os problemas da estética, já que “evita tanto o determinismo casual entre subjetividade e objetividade quanto a liberdade absoluta do sujeito” (Tonet, 1997, p.109). A estética marxista não é uma criação de forma artística singular, mas um sistema filosófico próprio de concepção dialética e ontológica do mundo.


- Ponto 3 - p. 448 do livro (“Hartmann diz sobre as quatro estratificações do ser...”) até p. 450 (“...que ainda é mais decididamente não-espacial do que a da própria consciência.”).


Comentários do trecho:


- Surgiu dúvida sobre a longa citação de Hartmann e a questão do ser espacial medidado do não espacial, ficando claro apenas que isso não se trata de antologia, sendo necessário compreender melhor a crítica que ele faz de espaço e consciência.


- Questionou-se se quem participa do GEMOMA enxerga relação com o que Lukács aborda de Hartmann, quando este último diz não ser possível considerar o indivíduo fora de sua socialidade, ao passo que em geografia aborda-se o conceito de território, territorialidade e sua relação com a constituição das pessoas. (Deu-se o exemplo das comunidades amazônicas despejadas pelos projetos de barragens e realocadas arbitrariamente a outro território que não é o delas de origem). É uma questão de espacialidade e consciência. Isso porque a fenomenologia, na parte da psicologia, trabalha bastante com os conceitos principais de temporalidade e espacialidade e como esses dois conceitos são mediados na experiência do corpo. Então, como exemplo do caso concreto, uma crítica no sentido de que os indivíduos que são produzidos socialmente num contexto de expulsão das suas comunidades por conta da instalação da hidrelétrica, são espalhados e proletarizados nas periferias urbanas para onde são arrastados. Assim, como eles saem da sua comunidade, saem também do seu modo de vida, fazendo sua temporalidade e sua especialidade serem reduzidas ao próprio corpo, enquanto na situação anterior, elas eram expandidas na noção de historicidade própria, na gênese da sua história, com uma projeção para o futuro, pois sabiam para onde ir e havia expectativas. Ou seja, havia uma circulação entre a natureza e as pessoas. Assim, temporalidade e espacialidade elas são experiências expandidas do corpo, corpo este entendido no pensamento burguês como sendo sinônimo de individualidade. Entende-se, contudo, ser sinônimo de individualidade, somente nesse processo de destruição da comunidade. Daí a dúvida colocada ao GEMOMA.


- Acredita-se que aqui ele está reproduzindo de modo pernóstico a crítica do Hegel à concepção de separação radical entre realidade e consciência do Kan, articulando com a ideia de espírito dos parágrafos anteriores.


- (Professor Flávio pontuou que talvez o tópico do texto não apresente correlação com a questão de moradia, como colocada).


- Lukács parece estar criticando Hartmann e outro ponto, pois Lukács entende que todo ser que existe e pensa está no espaço, tem corpo, e inclui essa "territorialidade" na historicidade da ontologia. Mas ele está criticando Hartmann pelo fato deste apreender o psíquico, a consciência, como extrato ontológico próprio, e que ao fazer isso, se é reconhecido o espaço e que todo ser que existe e pensa está no espaço, o Hartmann, ao separar isso, retira essa especialidade, pensando um ser espacial não-espacial, porque essa separação do psíquico da consciência, sem um extrato ontológico próprio, ficaria sem esse substrato e separaria isso.


- Parou na página 450 (“Mesmo em seus erros...”)


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